No meu texto eu te
desenho Ruby Sparks. E, para efeito literário, ganharei o nome de Calvin. Mas,
para fugir dos devaneios de um simples filme qualquer, eu mesma farei os traços
dos cenários e darei início ao enredo.
Calvin estava no seu
quarto escrevendo mais um de seus textos piegas e repetitivos. Alguns ele
insistia em reler, outros ele simplesmente ignorava. Lembro-me que tinha
música, quase sempre tem música naquele quarto. Calvin largou o seu computador
e com o seu único lápis, fez traços femininos em uma folha de papel. A música
parecia ficar mais alta e em um fôlego só, ele acompanhou a banda: “I see your hair is burnign. Hills are
filled with fire.” e pintou naquela garota do papel cabelos ruivos. E foi
assim que Ruby nasceu para Calvin, como uma canção de uma de suas bandas
favoritas.
No dia seguinte, Calvin
escreveu um pequeno poema embaixo de seu desenho:
“ Livre
te quero, assim como os meus pensamentos.
Independente
da distância saberá
Viver
de acordo com tuas próprias regras.
Invente-me
em seu mundo
Assim,
como te desenhei no meu.”
Não se sabe se foi
força do pensamento ou simplesmente brincadeira dos deuses, mas Ruby ganhou
vida no papel. Calvin não conseguia acreditar que aquilo era possível. Um
desenho ganhar vida. A partir daquele dia, quase como um ritual, os dois
trocavam uma ou outra palavra através do papel.
Calvin pensava como
poderia ser a voz daquela garota e escreveu ali, próximo ao ouvido de Ruby, a
sua vontade de ouvir os pensamentos dela.
“Eu
gosto da tua letra, mas não sei como você pronuncia o que me passa.”
“Tenho
voz e de criança. Meus amigos sempre dizem isso”
“Como
faço pra te ouvir daqui?”
“Me
desenha um telefone.”
Calvin pegou uma caneta
de sua bolsa e desenhou um telefone na mão de Ruby. Então, ao seu lado, o
celular toca. Ele, sem jeito, atende e ouve aquela voz calma e que, naquele
momento, não parecia estar distante.
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