domingo, 10 de março de 2013


No meu texto eu te desenho Ruby Sparks. E, para efeito literário, ganharei o nome de Calvin. Mas, para fugir dos devaneios de um simples filme qualquer, eu mesma farei os traços dos cenários e darei início ao enredo.

Calvin estava no seu quarto escrevendo mais um de seus textos piegas e repetitivos. Alguns ele insistia em reler, outros ele simplesmente ignorava. Lembro-me que tinha música, quase sempre tem música naquele quarto. Calvin largou o seu computador e com o seu único lápis, fez traços femininos em uma folha de papel. A música parecia ficar mais alta e em um fôlego só, ele acompanhou a banda: “I see your hair is burnign. Hills are filled with fire.” e pintou naquela garota do papel cabelos ruivos. E foi assim que Ruby nasceu para Calvin, como uma canção de uma de suas bandas favoritas.

No dia seguinte, Calvin escreveu um pequeno poema embaixo de seu desenho:

“ Livre te quero, assim como os meus pensamentos.
  Independente da distância saberá
 Viver de acordo com tuas próprias regras.
 Invente-me em seu mundo
Assim, como te desenhei no meu.”


Não se sabe se foi força do pensamento ou simplesmente brincadeira dos deuses, mas Ruby ganhou vida no papel. Calvin não conseguia acreditar que aquilo era possível. Um desenho ganhar vida. A partir daquele dia, quase como um ritual, os dois trocavam uma ou outra palavra através do papel.

Calvin pensava como poderia ser a voz daquela garota e escreveu ali, próximo ao ouvido de Ruby, a sua vontade de ouvir os pensamentos dela.

“Eu gosto da tua letra, mas não sei como você pronuncia o que me passa.”

“Tenho voz e de criança. Meus amigos sempre dizem isso”

“Como faço pra te ouvir daqui?”

“Me desenha um telefone.”

Calvin pegou uma caneta de sua bolsa e desenhou um telefone na mão de Ruby. Então, ao seu lado, o celular toca. Ele, sem jeito, atende e ouve aquela voz calma e que, naquele momento, não parecia estar distante. 

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